Após quase dois meses de portas fechadas, o comércio do Distrito Federal se mostra cada vez mais pessimista diante da crise causado pela pandemia do novo coronavírus. A Fecomércio-DF está em constante diálogo com os empresários e o governo, tentando achar uma solução para evitar que o desemprego e as falências cresçam ainda mais. Com o objetivo de levantar dados, a Fecomércio-DF solicitou uma sondagem para o Instituto Opinião Informação Estratégica, em parceria com a Sphinx Brasil. O levantamento é atualizado diariamente, por meio de questionário aplicado por telefone. Do dia 20 de abril até a última sexta-feira (8), foram ouvidos 171 empresários.

Foi perguntado aos empreendedores o que eles esperam do faturamento no primeiro mês, após a reabertura das lojas na capital do País. Ficou constatado que 70,2% esperam que a faturamento caia; 12,8% disseram que vai permanecer como era antes; 12,8% afirmaram que vai aumentar; e 4,3% não souberam avaliar. Sobre o fluxo de clientes nos estabelecimentos após a reabertura, o sentimento também não é de otimismo: 42,6% responderam que diminuirá em função dos riscos do contato social; 40,4% avaliaram que diminuirá por conta da falta de dinheiro; 6,4% disseram que vai aumentar em função da demanda reprimida; 6,4% esperam que voltará a ser como antes e 4,3% não souberam opinar.

O presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, afirma que o mundo empresarial não será o mesmo após a pandemia. Segundo ele, é necessário investir em inovação e criatividade para manter a empresa aberta. “Ainda estamos em um cenário de dúvidas, o que não ajuda o empresário a ter uma boa perspectiva sobre o futuro de sua empresa. A certeza que temos é a de que o mundo inteiro passa por um novo momento e as empresas terão que se reinventar, buscando novas formas de vender”, informa. “Já estávamos trabalhando com um protocolo de reabertura e vamos continuar aprimorando esse projeto junto ao GDF. Estamos preparados e, dentro da nossa possibilidade, vamos tentar que o comércio volte ao normal com segurança e de maneira gradual”, conclui Francisco Maia.

Sobre os empregos, a pesquisa mostra que 48,6% dos lojistas pretendem recontratar os funcionários, mediante aumento da demanda por produtos e serviços; 27% disseram que não vão recontratar; 21,6% afirmaram que pretendem recontratar, ainda que as vendas permaneçam estáveis, e 2,7% não souberam avaliar. O sócio da Opinião Informação Estratégica, o estatístico Alexandre Garcia diz que os empregos não terão uma retomada imediata após a abertura do comércio. “A demanda vai ditar o ritmo da volta dos empregos. Acredito que, na verdade, a retomada deve demorar, no mínimo, 6 meses. Só aí poderemos ter um termômetro para a recontratação dos colaboradores”, diz Alexandre.

O estudo mostra ainda que 12,9% dos empresários implantaram o comércio de produtos online; 14,6% delivery; 15,8% adotaram a retirada no balcão; 17% já realizavam essas modalidades de venda; e 50,3% informaram que não optaram por adotar nenhuma das opções. Depois da abertura das portas, 81,2% disseram que vão continuar com os serviços implantados. “O mundo que vivíamos não existe mais, vamos ter que reconstruir tudo, muitos inclusive já estão fazendo essa inovação. Tínhamos um cenário de comércio estável e de repente as pessoas não estão mais circulando, o que gera outras anuências, como o aumento do comércio local, próximo de residências. Isso gera mudanças no jeito de consumir, já que nesta crise o cliente pode encontrar novos produtos e novos estabelecimentos. Deste modo, os empresários que não procurarem novos meios e formas de vendas terão sérios problemas para retomar os seus negócios”, explica Alexandre.

Em um questionário de múltipla escolha, o levantamento aborda ainda quais providências as empresas estão adotando ou pretendem adotar na gestão sobre a crise: 45,6% responderam que deram antecipação de férias para parte dos empregados; 42,7% afirmaram ter reduzido a jornada de trabalho; 30,4% aderiram ao home office; 28,7% realizaram alteração em turnos de trabalho, 26,3% suspenderam temporariamente os contratos de trabalho; 21,6% deram férias coletivas e 18,1% demitiram os empregados.

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