Essa cidade me deu tudo. É o que eu costumo dizer sobre Brasília.Quando cheguei à nova capital, ainda em 1964, tinha somente 18 anos. Não sabia muito bem como seria o meu futuro, mas tinha certeza que grandes oportunidades residiam no Planalto Central. Atendi ao convite feito pelo presidente Juscelino Kubitschek a todos os brasileiros. Ele pedia que nós ajudássemos a transformar em realidade o sonho dourado da interiorização do Brasil. Em pouco tempo, o sangue de JK também corria nas minhas veias e de todos os outros pioneiros. A crença na capacidade de inovar e transformar o País modificaria minha vida para sempre.
Vindo do Maranhão, estudei, me formei em Administração de Empresas e trabalhei como funcionário público, tudo no DF. Tinha sido criado para ser um bom empregado, mas o sonho chamado Brasília me mostrou outra realidade: era possível empreender e ser bem sucedido. Passei a trabalhar numa multinacional farmacêutica e, depois de colher o conhecimento necessário, abri minha própria farmá- cia. Consolidei-me no setor e passei a representar o empresariado, como presidente de sindicato e, depois, presidente da Fecomércio, vice-presidente da CNC e presidente do Conselho Nacional do Sebrae. Até vir a exercer o cargo de senador da República.
Hoje, minha mulher, filhos e netos vivem em Brasília. Eles são o meumaior patrimônio. Todos foram formados por esta cidade. Lutamos para que a capital federal continue sendo a capital de todos os brasileiros. Desejo que esta cidade seja sempre uma fonte de grandes oportunidades. Para isso, contudo, é necessá- rio preservá-la. E por isso, mesmo no primeiro dia após o seu aniversário, não deixo de criticar o abandono da cidade. Continuo sendo uma voz firme no coro por saúde, segurança, educação e transporte de qualidade. Porque se não for assim, ninguém mais poderá empreender em Brasí- lia e aí o sonho terá sido em vão
Adelmir Santana – Presidente da Fecomercio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.
Brasília, 22 de abril de 2013.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília 22/04/2013