Adelmir Santana

Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.

Infelizmente, Eduardo Campos não terá mais a chance de escrever o seu futuro. Mas o futuro do Brasil ainda pode ser escrito a partir do legado deixado por ele. Tudo vai depender de qual será o tamanho do compromisso deste País com a renovação. Refiro-me, sobretudo, a um jeito novo de se fazer política e não propriamente a corrida presidencial em si. A diferença para os demais é que Eduardo representava uma novidade promissora. Em um meio carente de lideranças e propostas renovadoras, seja pelos efeitos da ditadura ou pela descrença da juventude diante de tantos escândalos, o neto de Miguel Arraes se firmava como um gestor ético e moderno, com fortes possibilidades de um dia comandar esta nação.

Tragicamente, quis o destino inverter a lógica das coisas. O meu sentimento, ao tentar compreender os fatos, ainda é de absoluta perplexidade e profundo pesar. Imagino que a maioria dos brasileiros também sente essa perda da mesma maneira. Solidarizo-me com os familiares de todas as vítimas dessa tragédia. É impossível prever agora quais serão as repercussões desse acidente. Também não julgo ser este o momento adequado para o PSB negociar qual será o caminho adotado por Marina Silva, apesar de ela ser a candidata natural na chapa do partido. O momento é de luto. Perde o processo político, perde a política brasileira e perde toda nação. O ideal, porém, não se perde, nunca.

Em sua marcante entrevista ao Jornal Nacional, Eduardo Campos fez questão de dizer: “Não vamos desistir do Brasil. É aqui onde nós vamos criar nossos filhos, é aqui onde nós temos que criar uma sociedade mais justa.”Essa é uma daquelas frases que ecoarão pela eternidade. Antes de morrer, esse grande líder nos deixou mais essa lição. É preciso arregaçar as mangas se quisermos realmente mudar o País. É uma tarefa difícil, mas não impossível. “Quando o povo quer, o povo faz as mudanças”, dizia Campos. Ele tinha razão. A mudança é sempre possível.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 17/08/2014.

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