O desenvolvimento do Brasil está paralisado há quase dois meses e, por mais surpreendente que possa soar esta afirmação, poucos parecem se importar com isso. Refiro-me à greve dos professores das universidades federais.

O movimento grevista começou em 17 de maio com os docentes, ganhou a adesão dos estudantes e servidores e hoje atinge 95% das instituições públicas de ensino superior. Até agora, milhares de alunos não sabem como terminarão o semestre. Em plena temporada de julho, fica o questionamento: o nosso futuro não depende da educação?

É evidente que sim. Só uma educação de qualidade será capaz de dar dignidade ao povo e romper a desigualdade brasileira, com oportunidades iguais para todos.

Mas como nós atenderemos a essa premissa ou como formaremos cidadãos capacitados para fazer o Brasil crescer sem uma política clara de investimentos em edu-cação? Os professores, em todos os níveis, deveriam estar entre os profissionais mais bem remunerados do país. Infelizmente, não estão.

Esta greve tem como reivindicações principais a reestruturação do plano de carreira, reajuste salarial com incorporação de gratificações e melhores condições de trabalho, além da valorização da qualidade do ensino superior.

São questões sensíveis, que precisam de solução. O Ministério da Educação e o Ministério do Planejamento não podem ficar neste jogo de empurra-empurra de responsabilidades.

Se o impacto do reajuste solicitado não pode ser absorvido pelo Estado, isso não é razão para evitar as negociações. Pelo contrário, o importante é colocar um ponto final na paralisação.

É necessário lembrar ainda que a greve atinge, inclusive, os laboratórios de pesquisa e o atendimento nos hospitais universitários. Além disso, milhares de estudantes, em todo o país, terão as suas formaturas atrasadas, o que implicará em dificuldade de ingresso no mercado de trabalho.

Muitos perderão concursos e oportunidades de emprego por não possuírem o diploma de nível superior. Quem foi aprovado recentemente pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) também tem enfrentado problemas para se matricular nas universidades.

Mais uma vez, a impressão é a de que o prejuízo maior fica com a sociedade. Greves intermináveis e que se repetem ano após ano refletem falta de planejamento por parte do Estado, a inexistência de uma política pública real de valorização do ensino e a intransigência entre as partes envolvidas no processo de negociação.

Por mais que as autoridades repitam e não se cansem de dizer que o futuro do país depende da educação, falar, apenas, não vai garantir o nosso desenvolvimento. Digamos que é preciso estudar melhor essa solução.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 09/07/2012,

Brasília, 09 de Julho de 2012

Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

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