Todo governo passa por momentos de ajuste, o que é perfeitamente compreensível. Quando essa fase se estende por muito tempo, porém, a população começa a se preocupar. Em dez meses da gestão Agnelo Queiroz, seis secretários de diferentes pastas foram removidos ou abandonaram o cargo. Somente no primeiro escalão, foram atingidas as secretarias de Segurança, Educação, Ciência e Tecnologia, Obras, Administração Pública e Desenvolvimento Econômico.

Entre as administrações regionais, já se contabilizam oito substituições. Duas das maiores cidades do Distrito Federal, Taguatinga e Águas Claras, tiveram o administrador trocado mais de uma vez. As outras mudanças afetaram Núcleo Bandeirante, Varjão, Brazlândia e Setor de Indústria e Abastecimento.

Certamente, não há programa de governo que se solidifique com tamanha movimentação.Se considerarmos as implicações de cada uma dessas mudanças – como o tempo de adequação necessário para a nova equipe tomar conhecimento da realidade da pasta ou a descontinuidade dos projetos executados e a insegurança administrativa proveniente do desgaste político – perceberemos a dimensão do prejuízo para a sociedade.

Talvez o pior dos males seja a constante interrupção dos serviços essenciais prestados para comunidade. O prejuízo de imagem também é grande. O clima de instabilidade favorece, inclusive, movimentos grevistas, que tem sido constantes nesse governo. Categorias descompromissadas com a estrutura pública aproveitam o caos administrativo para cruzarem os braços. Em menor escala, temos o aumento de gastos com pessoal, estimulado pelas contratações e exonerações. No fim, o dinheiro para investir em melhorias para a população vai se reduzindo.

E onde reside o motivo de tantas trocas? As justificativas pessoais dos administradores que deixaram os cargos são as mais variadas. Pressões políticas, falta de autonomia, incompatibilidade entre partidos, só para citar algumas. Determinadas ex-autoridades chegaram a dizer até que foram “fritadas” no governo. É preciso que esses pontos sejam esclarecidos para o cidadão. Até para que se possa combater qualquer tipo de especulação voltada para desestabilizar o governo.

De qualquer forma, passou da hora de se definir os rumos do Distrito Federal. Brasília precisa disso. Os programas de governo precisam ter continuidade e a equipe precisa estar afinada. Esse jogo, em particular, começou há 10 meses e a população não pode perder a partida. A sociedade precisa urgentemente que suas necessidades básicas sejam atendidas. Cabe ao bom governante trabalhar por elas, com toda a urgência necessária.

*Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 17/10/2011

Brasília, 17 de outubro de 2011

Adelmir Santana
Presidente do Sistema Fecomércio-DF

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