No meio do caminho tinha um buraco. Só que o caminho era a ponte do Bragueto, um dos principais acessos à saída Norte do Distrito Federal, e o buraco era uma cratera. Isso ocorreu na quarta-feira da semana passada. Para solucionar o problema, ainda que provisoriamente, técnicos precisaram interditar uma das faixas da via por duas horas e o que se viu foi um engarrafamento de cinco quilômetros. O caso apenas reforça mais um apelo da população de Brasília: é preciso cuidar melhor da cidade.O governo pode até falar que a culpa é da chuva ou que talvez já existisse uma fragilidade na estrutura que foi acentuada pelos efeitos climáticos. Mas, assim como em outras ocasiões, denota a falta de conservação e preservação dos equipamentos urbanos. É do conhecimento de todos que o clima no DF é caracterizado praticamente por duas estações: uma de seca e outra de chuva. Não é possível que as águas de novembro ainda sejam utilizadas pelas autoridades como desculpa para os constantes apagões de energia, para os buracos e para as falhas nas pontes e viadutos. É preciso investir na manutenção preventiva destes equipamentos, algo que talvez nunca tenha sido feito de forma eficaz, em governo nenhum.
Também é necessário preservar as escolas, hospitais, pontos turísticos, comércios e quadras residenciais. A falta de cuidado com Brasília expõe uma sensação de abandono que pode até não ser totalmente verdadeira, mas que acaba sendo bastante sentida pela população.
Para piorar, esse sentimento somente se agrava quando categorias que deveriam zelar pela sociedade resolvem cruzar os braços. Neste ponto, especificamente, o Estado não pode se tornar refém de nenhum tipo de corporação. A situação em áreas prioritárias, como segurança, saúde e transportes, não é nada boa. A linha entre a ineficiência e o caos é muito tênue. A população não pode correr esse risco.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília 12/11/2012,
Brasília, 12 de novembro de 2012
Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF