O ano mal começou e velhos problemas continuam a assombrar o Distrito Federal. Janeiro de 2012 veio à tona com o registro de mortes no trânsito e obras inacabadas. A Estrada Parque Taguatinga (EPTG), idealizada para solucionar a via-crúcis enfrentada diariamente por boa parte da população que se locomove para Brasília, foi entregue com seis meses de atraso. Mesmo assim, os brasilienses receberam uma pista incompleta e tecnicamente falha, com erros de traçado, escoamento de água e sinalização.

No decorrer do primeiro mês do ano, também prosseguiu a greve dos funcionários do metrô. Antes de escrever esse artigo, a paralisação já era considerada a segunda mais longa do país. Desde o dia 12 de dezembro, os metroviários e o governo se mantiveram em lados opostos. O comércio, por ser um dos principais motores da economia do Distrito Federal, foi uma das atividades que mais sentiu essa manifestação. Atrasos e faltas de empregados passaram a ser recorrentes nos estabelecimentos. Empresários, consumidores e todos que dependem do transporte público saíram perdendo com a radicalização.

No fim de 2011 e início de 2012, o morador de Brasília ainda viu o crescimento exponencial no número de radares de fiscalização eletrônica nas rodovias distritais, em detrimento de uma política de prevenção de acidentes e recuperação das vias. Parece, por enquanto, que não houve contrapartida. Ampliar os mecanismos de controle de velocidade sem educar os motoristas e conservar as estradas serve apenas para aumentar a arrecadação do governo. As ruas continuam esburacadas. Tem até advogado ensinando como processar o governo no caso do cidadão cair num buraco e danificar o veículo.

Ainda vamos colocar nessa lista outros problemas que não foram solucionados. Até hoje, por exemplo, o acesso dos pedestres a Ponte JK, no sentido Lago Sul – Brasília, não foi concluído. Diversas obras próximas às embaixadas se encontram paralisadas. Vendedores ambulantes continuam comercializando todos os tipos de produtos pelas ruas da cidade, desde móveis até marmitas, passando por eletrônicos. Obter um alvará de funcionamento e um alvará de construção se tornou uma tarefa árdua e demorada diante da enorme burocracia estatal. O sistema de transporte público continua ineficiente. E na educação, na saúde e na segurança, pouco mudou.

As respostas dos secretários e administradores para essas questões são as mais variadas. Sempre chama a minha atenção, porém, quando alguma autoridade apresenta soluções improvisadas, como se houvessem curas milagrosas. Está muito claro: precisamos de planejamento e medidas estruturais para vencer boa parte desses obstáculos. De qualquer forma, pequenos gestos medem a ação de um governante. Pergunto aonde está o gerente? Ao contrário dos cidadãos, o governo não pode entrar de férias.

*Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 16/01/2012

Brasília, 16 de Janeiro de 2012

Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

 

 

 

 

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