O comércio tem encontrado dificuldades para crescer na Asa Sul, principalmente na W3. Além dos entraves brasileiros de sempre, como carga tributária elevada e excessiva burocracia, outros problemas particulares da capital da República têm agravado a situação. O alto preço dos aluguéis, as complicações para obtenção de alvarás e a falta de estacionamento nas quadras são alguns deles. Se nada for feito, o prejuízo irá além do fechamento de lojas. A geração de emprego e renda será afetada e Brasília corre o sério risco de encerrar um dos capítulos mais importantes de sua história.

Para quem não sabe, após a inauguração da capital, em abril de 1960, a W3 Sul tornou-se o centro econômico do Distrito Federal. Lojas tradicionais que existiam na Cidade Livre migraram para lá. Estabelecimentos novos também surgiram, com suas fachadas voltadas para a via. Nasceu assim a primeira real avenida de Brasília, com ampla circulação de pessoas. Não demorou para que o local se tornasse sinônimo de comércio e do espírito empreendedor brasiliense, cultura que acabou atraindo milhares de brasileiros para vivenciarem o sonho de Juscelino Kubits-chek.

Hoje, a W3 Sul contabiliza inúmeros pontos desocupados. O cenário é de uma avenida mal conservada, com estabelecimentos abandonados, lojas pichadas e sujeira para todo lado. Os bravos comerciantes que ainda resistem e permanecem no local não conseguem, sozinhos, mudar essa realidade e enfrentam a letargia do governo do Distrito Federal, que nada ou muito pouco faz para revitalizar a rua. Projetos urbanísticos não faltam, com incentivo à promoção da cultura, do lazer e do turismo. Em outra frente, os empresários não têm liberdade para reformarem nem seus próprios estabelecimentos.

A desaceleração do consumo diante da crise mundial e das medidas macroeconômicas restritivas também impõe dificuldades para os comerciantes de algumas entre quadras da Asa Sul. Nessas áreas – espaçosas e bem localizadas -, assim como na W3, o preço dos alugueis é muito alto e nem todos os comerciantes conseguem manter suas contas no azul em tempos de consumo restrito. A despeito das medidas que precisam ser realizadas pelo governo, como ampliação dos estacionamentos e garantia de segurança para os lojistas, o caminho passa necessariamente pela tarefa de inovar.

É preciso estar comprometido com a inovação para sobreviver no mercado. E no momento atual, quem investe no comércio eletrônico tem tido bons resultados. Ano passado, esse segmento faturou R$ 18,7 bilhões, 26% a mais do que em 2010. Essa modalidade ampliou as chances de novos negócios, agilizou a venda e estimulou a competitividade. Em resumo, se o seu cliente não vai até você na frequência desejada, experimente fazer o contrário e leve até ele a sua marca. O importante é driblar as adversidades. Devemos ficar atentos: uma luz amarela já acendeu.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 27/08/2012,

Brasília, 27 de Agosto de 2012

Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

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