Por Francisco Maia
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)
Aquilo que começa errado, com engenho e arte, pode até dar certo, mas quando se insiste no erro, terminar e começar direito é o único jeito. É lamentável, mas assim é a prática do turismo no Brasil. Sem tirar nem pôr, o certo mesmo é recomeçar direito. Praias, sol, verde e azul como florestas e mar, são os ingredientes dessa alquimia de transformar prazer em dinheiro. Cerca de 40 bilhões de euros é o lucro do turismo, por ano, na França. Mais perto de nós, o México arrecada 30 bilhões de dólares. O Brasil, onde as políticas públicas fizeram o patinho feio sonhar um dia ser cisne, passou 8 anos paralisado em 6 milhões de turistas. Os visitantes não chegaram, mas o governo nesse período, entre 2010 e 2018, gastou 390 milhões de dólares.
Só o museu do Louvre, em Paris, tem 9 milhões de visitantes, e o planeta contabiliza 8,3 bilhões de dólares e novos 118 milhões empregos, com o turismo. Finalmente, neste ano, decidiu-se que o patinho feito teria plumas de cisne. Uma transformação às custas do sacrifício dos trabalhadores. Sutilmente um golpe com poucos rastros. Um verdadeiro crime sem cadáver. O governo transformou a velha Embratur em uma Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, custeada pelo Sebrae, Sesc e Senac. O tamanho do nome não corresponde à verba para sua manutenção. Dessa forma, os alquimistas financeiros resolveram tirar R$ 324 milhões dos recursos dos serviços sociais do Comércio. Dinheiro que vai fazer muita falta na criação de empregos, assistência à saúde, apoio às micro empresas e qualidade de vida para a população.
Graças sempre aos ventos da democracia, todos os passageiros internacionais de avião, ao saírem do Brasil vão financiá-la, com uma taxa de 20 reais no bilhete aéreo. Prevaleceu o equilíbrio. Afinal, quando algumas ideias conflitam com a sociedade, as ideias é que devem mudar. Para dar certo foi preciso um ponto de exclamação final para tudo começar direito.