Adelmir Santana

Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.

A poucos dias do mundial de futebol o debate referente à realização da Copa do Mundo no Brasil se mostra ainda bastante acirrado. Especialmente nas redes sociais, a discussão está polarizada entre os que desejam intensificar os protestos e aqueles que defendem o fim das manifestações. Já li até alguns posicionamentos do tipo “o que tinha que ser roubado já foi”, sugerindo que as denúncias de superfaturamento sejam encaradas como episódios superados. Tudo isso me causa preocupação. No meu entendimento, essa radicalização, cada dia mais frequente nos fóruns virtuais, apenas atrapalha o bom senso e prejudica o desenvolvimento do País.

Como cidadão, empresário e representante de uma instituição de classe, faço questão de dizer que sou a favor de qualquer manifestação democrática. Do mesmo modo, continuarei a cobrar a apuração de todas as possíveis irregularidades cometidas até aqui. Mas deve ser levado em consideração também, junto com a liberdade de expressão, o direito de ir e vir das pessoas e o próprio dever do Estado em garantir a segurança da população. Existem diversas formas de protesto. Muitas, inclusive, bem mais criativas e inteligentes do que bloquear ruas ou vestir um capuz e atear fogo em pneus.

Garanto que muitos turistas, torcedores e habitantes das cidades estão temerosos do que pode vir a ocorrer nos dias de jogos. E eles têm razão. Cabe a nós, agora, ajudar a construir um clima de paz e alegria, típico da nossa cultura e desse grandioso evento esportivo. Como anfitriões, é nossa obrigação receber bem os visitantes. Se eles forem bem atendidos, regressarão muitas vezes e aí o turismo brasileiro terá saído vencedor. Não significa deixar de protestar ou ignorar a corrupção.Pelo contrário, um cartaz, uma vaia e um voto podem ter um efeito devastador, principalmente nas eleições. O que não podemos aceitar é a violência, o desrespeito e a destruição do patrimônio público e privado.Isso está fora de cogitação.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 02/06/2014.

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