O último trimestre do ano marca tradicionalmente um período de aquecimento dos setores de comércio e serviços. Em Brasília, esse movimento é ainda mais significativo. A cidade tem vocação para essas atividades, concentra um grande contingente de servidores públicos com altos rendimentos e exerce uma forte influência na região Centro-Oeste. Por esses motivos, outubro, novembro e dezembro são mais do que simples meses no calendário candango. Representam uma oportunidade de geração de emprego e renda para mais de um milhão de pessoas que trabalham no setor terciário, quase metade da nossa população economicamente ativa.

Este ano, a expectativa dos empresários com as datas comemorativas e as festas de fim de ano é alta, principalmente por conta de uma retração dos negócios ocorrida no primeiro trimestre de 2012. Nos meses de janeiro, fevereiro e março, os setores de comércio e serviços acumularam quedas expressivas nas vendas, conforme mostram as pesquisas conjunturais do Instituto Fecomércio. O agravamento da crise europeia e o crescimento dos índices de inadimplência foram os principais vilões da economia brasileira em geral, pois levaram os consumidores a ajustarem os cintos e consumirem menos, para quitar as dívidas.

A partir de maio, no entanto, teve início um movimento de recuperação, principalmente no comércio de Brasília. O setor tem registrado pequenas altas nas vendas desde então. Agora, um novo cenário se apresenta no horizonte. Nacionalmente, o momento ainda é ruim para o País e para o restante do mundo. No Distrito Federal, no entanto, a situação é de relativa estabilidade, principalmente no campo do emprego. Entre os setores responsáveis por manter as contratações em alta no mercado brasiliense figuram a administração pública, comércio, serviços e alguns setores da indústria.

Essa segurança no trabalho e a baixa desvalorização dos salários têm ajudado muitos brasilienses a ajustarem as suas contas. As expectativas com a chegada do décimo terceiro salário e uma relativa queda nas taxas de juros animam o consumidor. Isso se comprova na pesquisa de intenção de consumo das famílias de Brasília, medida pela Fecomércio-DF. Segundo o levantamento, 73,9% dos trabalhadores se sentem seguros em relação ao emprego atual e 70,6% acreditam que o momento é favorável para aquisição de bens duráveis, um aumento de 7,4% em relação a agosto.

O otimismo do cidadão já é automaticamente in-corporado pelo empresariado, que planeja contratações temporárias e reforço de seus estoques. Se todo esse cenário se comprovar, os negócios devem crescer em média 4,5% só no Natal. Será bom não só para o comerciante, mas para toda população do DF. Temos que trabalhar para estimular o mercado interno, incentivar o consumo responsável e a produção brasileira. Esse esforço vale a pena, pois se traduz em desenvolvimento econômico e social.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 01/10/2012, Brasília, 1º de outubro de 2012 Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

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