Por Francisco Maia

Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)

“Se a reta é o caminho mais curto entre dois pontos, a curva é o que faz o concreto buscar o infinito”. Niemeyer criou obras para uma cidade, em que as formas nasceram para ser eternas. Brasília, senhora de sessenta anos, cidade tombada como obra de arte, começa a apresentar os primeiros sintomas da idade. Lucio Costa e Oscar Niemeyer pensaram em uma capital para 500 mil habitantes. Hoje, explode espremida pelas linhas do tombamento, com uma população que passa de 3 milhões. Como Ilha da Fantasia, a poderosa classe média de Brasília se aglomera no Plano Piloto, com os melhores salários médios do País, enquanto a poucos quilômetros existe a comunidade do Sol Nascente, maior favela da América Latina.

O Setor Comercial Sul é um problema grave. Depois do horário de trabalho há uma morte urbana naquela região. Todos os edifícios e pontos turísticos ficam abandonados e se tornam locais perigosos: prostituição, droga e assalto. A cidade é um corpo vivo que possui mecanismos de defesa. O problema grave que afeta o comércio e a vida dos que circulam no Setor Comercial Sul, impôs ao governo uma solução. Sensível, o governador Ibaneis estuda liberar as normas de ocupação dos prédios da região. A ideia é liberar a área para uso de moradia. Estudos provam que, quando há moradia, a circulação da população existe de maneira permanente e o local ganha oxigênio e vida.

As mudanças serão graduais. A autorização para o uso residencial permite investimentos privados na modernização dos prédios. O governo já reservou R$ 9 milhões para ações, como a criação de paredes verdes, jardins e novas calçadas. Um projeto é a construção de um estacionamento subterrâneo para atender os moradores fora do horário comercial, assim como estuda a criação de uma rua com restaurantes, bares e lojas 24 horas. Lina Bo Bardi, a arquiteta italiana, dona do moderno que se une com o simples, deixou um bom recado para a reurbanização do Setor Comercial Sul: “Não é preciso muito para ser muito”.

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