Em meio a uma crise nos setores de segurança, saúde e mobilidade urbana e às vésperas de grandes competições internacionais, cresce o número de pessoas e instituições dispostas a discutir o futuro do Distrito Federal. Lideranças comunitárias, acadêmicas, políticas e empresariais têm procurado debater, em palestras e seminários, novos projetos para a capital da República. O momento é mais do que oportuno para essas discussões – é crucial. Com apenas 52 anos, Brasília é uma cidade nova com problemas de cidade velha. Precisamos mudar essa realidade antes que o DF entre em colapso.Este movimento em busca de novos caminhos para Brasília reforça a tese de que é preciso encontrar um modelo de desenvolvimento mais sustentável e menos excludente.
Isso requer, em primeiro lugar, planejamento. A população brasiliense está cansada de governantes preocupados apenas com reeleições. As mazelas de uma cidade não se resolvem com acomodações partidárias. Para planejar o futuro é preciso realizar um diagnóstico profundo, definir prioridades e apontar soluções. Feito isso, é necessário colocar em prática e dar continuidade aos programas.
Não sei quem são os melhores especialistas do mundo em planejamento estratégico, mas tenho certeza que os brasilienses têm capacidade de sobra para elaborar um plano de desenvolvimento. O futuro de uma metrópole, como a nossa, tem de ser pensado e planejado. Por isso, a Fecomércio iniciou em setembro deste ano o ciclo de debates “Brasília 2015”, com duração prevista até setembro de 2013. A nossa intenção é promover, com especialistas renomados, o debate e a consolidação de ideias sobre a Brasília que queremos em 2015, quando a cidade completará 55 anos.
Ao final do ciclo apresentaremos um estudo, que será entregue ao próximo governante, com as soluções apontadas. Será um trabalho da Fecomércio-DF em parceria com a sociedade. No primeiro debate, os palestrantes falaram sobre a configuração do Distrito Federal e de sua área metropolitana. A partir da fala de estudiosos como o geógrafo Aldo Paviani; o arquiteto Carlos Magalhães; o presidente da Codeplan, Júlio Miragaya; e o superintendente da Sudeco, Marcelo Dourado, ficou muito claro que na visão deles parte da solução não está aqui, mas nas cidades ao redor de Brasília.
O principal ponto defendido por esses pensadores foi a diversificação e a descentralização das atividades econômicas, como forma de garantir a qualidade de vida para toda região influenciada pelo Distrito Federal. Temos de dar emprego, saúde e educação para as pessoas nas próprias cidades em que residem. Isso é fundamental para evitar a sobrecarga dos equipamentos públicos. No próximo encontro, dia 30, os economistas Roberto Piscitelli e José Luiz Pagnussat nos ajudarão a discutir como desenvolver o potencial ao redor da capital. A intenção é trabalhar soluções estruturais. E, em nossa opinião, ninguém melhor do que os cidadãos brasilienses para colocar isso no papel.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília 22/10/2012,
Brasília, 22 de outubro de 2012
Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF