Cidadão brasiliense de bem passou a viver atrás das grades para se proteger dos bandidos. Essa triste realidade tem perturbado cada vez mais a nossa população. Poucas vezes, em sua história recente, a capital da República viveu um momento tão crítico de falta de segurança.
O avanço da criminalidade pode ser sentido nas ruas, nos números e nas pesquisas de avaliação. O mês de março, por exemplo, terminou com um saldo de 88 mortes violentas no Distrito Federal, segundo dados da própria Secretaria de Segurança Pública. Isso equivale a uma média de quase três homicídios por dia.
O mesmo levantamento indica que os registros de sequestros relâmpagos aumentaram 63% e as ocorrências de roubos cresceram 23% na comparação com o ano passado. No comércio, a situação também é preocupante. Não passo uma semana sequer sem receber o telefonema de algum empresário se queixando da falta de segurança. Já alertamos as autoridades para a questão, denunciamos a invasão dos centros comerciais pelos traficantes e usuários de crack – caso do Setor Comercial Sul – e temos cobrado uma solução efetiva para combater a criminalidade.
Como consequência do aumento da violência, as vendas caem, os empreendimentos fecham, o desemprego aumenta e o comerciante trabalha com medo. Na última década, os roubos em comércio tiveram alta de 35,1%. É um círculo vicioso assustador. E o que mais nos surpreende é como isso pode ocorrer em uma unidade da Federação reconhecida por abrigar forças policiais tão competentes.
Os especialistas em segurança pública apontam como prováveis causas da alta criminalidade a expansão do tráfico de drogas, o baixo índice de policiamento ostensivo e a falta de uma legislação específica para reprimir alguns crimes. Além de tudo, existe um problema sintomático de gestão. E os cidadãos parecem saber disso.
O governo do Distrito Federal é reprovado por 65,3% da população, como mostrou a última pesquisa do Instituto O&P. As constantes greves das policias, as trocas rotineiras dos comandos das forças militares e a inexistência de programas estruturais para combater o crime refletem essa sintomatologia e uma ineficiência administrativa. Não por acaso, na área de segurança o governo é mal avaliado por 62,5% dos brasilienses.
É preciso transformar essa realidade logo, com ações concretas. O tempo não está do lado do governante. Esperamos que as recentes mudanças de secretariado tenham efeito em toda a administração. Mas, para isso, será preciso colocar a máquina pública para funcionar a serviço da população e cobrar eficiência de seus servidores. Morar em uma cidade segura já foi um dos nossos principais motivos de orgulho. Precisamos retomar esse trunfo.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 09/4/2012
Brasília, 9 de Abril de 2012
Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF