A Lei Maria da Penha nasceu para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, o que representou um grande avanço na luta pelos direitos humanos no Brasil e iluminou um mundo de escuridão e brutalidade. Mas ainda hoje as mulheres continuam morrendo nas mãos de seus companheiros. Neste mês de março, particularmente, os jornais estamparam casos de maridos covardes que assassinaram friamente as suas esposas por simples ciúmes. Até quando vamos conviver com essa situação? A culpa não é da falta de instrumentos jurídicos, mas da existência de uma cultura machista, enraizada após décadas de impunidade e um absurdo sentimento de posse que confunde pessoas com objetos.
Mais do que nunca é preciso denunciar os agressores ao menor sinal de violência. Esse deve ser o primeiro passo. Uma ameaça, um tapa na cara ou um outro gesto brutal não pode passar impune, pelo risco de se transformar num atentado à vida. Somente na última década, 43,7 mil pessoas do sexo feminino foram assassinadas. A média brasileira é de 4,6 mortes para cada 100 mil cidadãs. Nas creches, escolas e residências é necessário ensinar os meninos, desde o princípio, a respeitarem as diferenças e as liberdades individuais, para que no futuro não reforcem estereótipos utilizados como manifestações de racismo, homofobia ou machismo.O homem que bate em mulher, seja ele marido, pai ou namorado, não pode ser confundido com um desequilibrado. Ele é um criminoso.
Talvez até seja um perturbado, um louco ou um psicopata, como dizem. Não se sabe. Antes de tudo, porém, temos a certeza de que ele é um agressor e como tal deve ser tratado e punido nos parâmetros da lei. Paradoxalmente, esses mesmos brutamontes que se julgam valentões não costumam descarregar as suas raivas contra outros homens. A violência física, psíquica ou sexual é direcionada contra a mulher, as mulheres que nos dão a vida. Isso não é amor. É ódio puro. Chega de rancor, basta de violência.
Adelmir Santana – Presidente da Fecomercio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.
Brasília, 25 de março de 2013
Publicado originalmente no Jornal de Brasília 25/03/2013