Emicida, Atitude Feminina, Câmbio Negro e Viela 17 encontraram um ambiente mais que adequado durante o festival Sesc + Rap, realizado neste sábado (18), na unidade do Sesc-DF em Ceilândia. Com ingressos esgotados, a movimentação era intensa em torno do local do show desde as aberturas dos portões. Depois de dois anos, alguns artistas convidados tiveram o primeiro contato com o público após período de intensas restrições durante a pandemia. Cerca de 10 mil pessoas cantaram e se emocionaram com as apresentações.
O rapper Emicida foi recebido por uma plateia orgulhosa de seu ídolo, que gritava “você merece”. O artista ressaltou que sempre foi acolhido em shows no Distrito Federal. “Gratidão Ceilândia. Depois de dois anos, Brasília tem um lugar muito especial para mim. Todas as vezes que venho pra cá passa um filme na cabeça. Então poder voltar para Brasília e trazer o show AmarElo completo para Ceilândia, que é o berço de vários grupos de rap, é fazer história!”, desabafa o artista na abertura do seu show “AmarElo”, disco em que o rapper economiza nas rimas agressivas e no forte discurso social que marcou o começo de sua carreira. A apresentação contou com melodias de samba, MPB, R&B e até de gospel.
O presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido da Costa Freire, esteve presente no festival Sesc + Rap e reforçou que a inciativa é um incentivo para a retomada dos artistas na capital federal. “Cada cidade tem suas características. Esse show tem tudo a ver com a cidade. Nós temos que atender a população conforme o que eles pedem e escutam. O Rap está enraizado na Ceilândia, por isso trouxemos vários rappers de Brasília para engrandecerem ainda mais essa festa. Com essa iniciativa queremos colaborar com a retomada dos artistas da cidade”, disse José Aparecido.
Segundo o diretor regional do Sesc-DF, Valcides de Araújo Silva, o objetivo do projeto Sesc + Rap é levar às regiões administrativas atrações e eventos de qualidade e de graça, descentralizar a cultura, o lazer e a diversão, além de compartilhar shows que, tradicionalmente, acontecem no Plano Piloto. “Promover esse festival na Ceilândia foi um desafio. Mas acima de tudo foi uma alegria. Fazer essa mistura de um grande nome nacional com artistas fortes da cena do rap da nossa cidade foi uma honra para nós. Isso faz parte dessa visão e do novo objetivo do Sesc de descentralizar o acesso aos grandes eventos. Trazendo grandes nomes nacionais para nossas regiões administrativas”, disse Valcides.
Sobre o show
Emicida sabe do impacto que a apresentação de AmarElo na Ceilândia, o show de um rapper, tem e terá no futuro. “Vejo vocês no livro de história”, disse ele, ao público. O cantor equilibrou calmaria e barulho conforme o show foi avançando e se declarou para a cidade. Na primeira metade, emendou músicas como “Madagascar”, “Baiana”, “9nha” e as faixas mais reflexivas de “AmarElo”: “Pequenas Alegrias da Vida Adulta” e “Cananeia, Iguape e Ilha Comprida”. Já na parte final, alguém na plateia gritou com um agradecimento para o rapper “obrigado!”. “Vocês são incríveis”, ele respondeu, dizendo que ninguém faz nada sozinho.
Quem cresceu na periferia do DF tem uma memória afetiva das músicas do grupo Atitude Feminina. Formado inicialmente por Aninha, Gisele, Hellen e Jane, o grupo surgiu em São Sebastião (DF), no começo dos anos 2000, e é dono de clássicos do rap nacional, como ‘Rosas‘ e ‘Enterro do Neguinho‘. Durante o festival Sesc + Rap, Aninha e Hellen se emocionaram junto com o público. “Esse evento de hoje foi importantíssimo para a cena do rap. É algo que deveria ocorrer em todas as cidades satélites. Ceilândia é nossa segunda casa, estamos felizes demais, obrigado Sesc”, disse Aninha.
Também subiram no palco os artistas Câmbio Negro, Japão do Viela 17, além da Gabj e Dj Raffa. Todos eles artistas da periferia de Brasília, que construíram com as próprias mãos a história da cultura de rua do Distrito Federal. “Ceilândia, desde que surgiu o rap no Brasil, tem um papel de destaque por meio de seus artistas. Parabéns ao Sesc + Rap por acreditarem no rap da cidade e incentivarem os artistas da nossa capital”, afirma Japão, líder do grupo Viela17.
Não fosse o Câmbio Negro tatuado no topo da cabeça, X passaria despercebido. Isso, porém, até o rapper de Ceilândia soltar o verbo durante o festival com o mesmo discurso firme e direto, que o consagrou em clássicos como Sub-raça, de 1993. “Temos que valorizar o trabalho do artista, em especial, os da nossa cidade. É muito bom para nós, é muito bom para cidade e para o Distrito Federal que artistas sejam reconhecidos não só como músicos mas como pessoas atuantes”, completou o rapper durante seu show.
Para os fãs, cada detalhe do festival foi marcante. Jorge Santos, de 29 anos, é morador de Ceilândia e chegou cedo para curtir o festival. “Vale cada minuto. Tem muita gente boa nesse palco hoje”, disse. A platéia contou cm públicos de todas as idades. Prova disso é a dona Esmeralda de Souza, de 46 anos, que veio do Guará com a filha mais nova só para assistir ao show do Emicida. “Estou emocionada. Quem dera se o nosso país tivesse mais cantores com as letras dele. Eu nao sou muito de ir em shows mas esse, gratuito e com vários artistas da cidade foi bom demais. Agradeço pela organização, foi tudo muito lindo”, disse Esmeralda.
Assessoria de Comunicação do Sesc-DF
José do Egito