Em três meses, o setor de turismo perdeu quase R$ 90 bilhões em decorrência do novo coronavírus, segundo estimativas da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Um dos mais afetados pela crise, o segmento foi fortemente impactado pela intensificação de medidas visando à redução do ritmo de expansão da doença, como o isolamento social e o fechamento das fronteiras em diversos países. Em março, quando foi decretada a pandemia de covid-19, o setor acumulou perda de R$ 13,38 bilhões em relação à média mensal de faturamento nos meses anteriores. A paralisia quase completa do turismo nas semanas seguintes agravou esse cenário e fez com que o setor perdesse R$ 36,94 bilhões em abril e R$ 37,47 bilhões em maio, totalizando prejuízos na ordem de R$ 87,79 bilhões.

Com base na queda de receitas do turismo, a CNC estima que 727,8 mil postos de trabalho podem ser eliminados no setor até o fim de junho. O presidente da Confederação, José Roberto Tadros, diz que ainda não é possível prever uma mudança significativa na atual tendência de perdas do segmento. “As ações já adotadas pelo governo federal, na forma de Medidas Provisórias voltadas para a preservação do emprego, permitem reduzir o impacto decorrente da queda expressiva do nível de atividade do setor”, ressalta Tadros. “Mas a extensão das perdas e dos danos no setor causados pela crise histórica que estamos vivendo vai exigir medidas adicionais para a preservação das empresas e dos empregos”, completa.

Rio de Janeiro (R$ 12,48 bilhões) e São Paulo (R$ 31,77 bilhões), principais focos do coronavírus no Brasil, concentram mais da metade do prejuízo nacional registrado pelo setor. “Os aeroportos desses dois estados registraram quedas de até 99% na oferta de transporte aéreo, em abril e maio. Esse ajuste ao novo patamar da demanda fez cair a taxa média de cancelamento nessas localidades, que chegou a superar 90% no fim de março”, destaca o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes, acrescentando que a quantidade de voos confirmados em todo o País seguiu próxima ao piso histórico, registrando recuos expressivos em relação ao período anterior à pandemia (-94% em abril e -92% em maio).

Alexandre Sampaio, diretor da CNC responsável pelo Conselho Empresarial de Turismo e Hospitalidade (Cetur) da entidade, afirma que, mesmo em outras regiões do mundo que já contam com a flexibilização da quarentena, nota-se uma inércia mais acentuada no processo de recuperação do turismo em relação a outras atividades econômicas: “É necessária a adoção de medidas econômicas mais audaciosas voltadas especificamente para o segmento do turismo, de modo a minimizar os efeitos nocivos da recessão sobre os níveis de emprego e a capacidade de arrecadação tributária por parte do setor”.

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