O comércio do Distrito Federal completou seu vigésimo dia de portas fechadas nesta quarta-feira (8), por conta das medidas restritivas para evitar a propagação do novo coronavírus. Apesar dos esforços da Fecomércio-DF em amenizar os prejuízos, segmentos como o de bares, restaurantes e hotelaria são os que mais sofrem com a paralisação da economia. Além das empresas, o governo também terá prejuízos: segundo a equipe econômica do Executivo local, é esperado uma redução de até R$ 2 bilhões na arrecadação de tributos.

Atualmente, bares e restaurantes da cidade empregam cerca de 50 mil pessoas. No final de março, em apenas um dia, foram demitidos 4 mil trabalhadores. O presidente da Fecomércio-DF, Francisco Maia, lembra que a situação é delicada. Em âmbito nacional, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Coomércio (CNC), as perdas diretas impostas ao comércio pela crise do coronavírus devem chegar a R$ 53,3 bilhões apenas no começo de abril.

“O comércio não comporta demanda reprimida, ou seja, o que deixamos de faturar hoje, não será recuperado”, diz Francisco Maia. Além disso, o presidente da Fecomércio fala da dificuldade para retomar as vendas quando o comércio reabrir, já que as pessoas vão estar receosas de frequentar ambientes com aglomerações. “Estamos vivenciando novos hábitos de consumo, as pessoas estão com receio da propagação do vírus e o cenário de incerteza só aumenta. Além disso, quando reabrir, acredito que será difícil reabsorver os funcionários que foram perdidos, já que os empresários estarão sem capital” diz Francisco Maia.

O presidente do sindicato de bares e restaurantes, Jael Antonio da Silva, relata que os empresários estão preocupados com a questão da saúde da população, contudo é notório que as empresas estão sofrendo muito com a situação. Segundo ele, é necessário pensar na reabertura de bares e restaurante de forma programada, seletiva e respeitando recomendações de saúde pública. “Tivemos a fase inicial, de tentar resguardar a empregabilidade de nosso segmento, em seguida contamos com a postergação de alguns impostos, como o ICMS. Agora, entramos na fase que precisamos proteger o empresário, nenhuma empresa sobrevive 45 dias sem abrir”, diz. “Precisamos fazer uma retomada gradual, segura. É fundamental pensar nessa retomada para dar um subsídio para as empresas sobreviverem, não podemos deixar de pensar nessa possibilidade”, afirma Jael.

Outro setor bastante afetado é o de turismo. A CNC calcula um prejuízo de R$ 11,96 bilhões em volume de receitas somente na segunda quinzena de março – uma queda de 84% no faturamento em relação ao mesmo período de 2019. Somado ao prejuízo de R$ 2,2 bilhões na primeira metade de março. Os prejuízos já sofridos pelo setor têm potencial de reduzir 295 mil empregos formais em apenas três meses.

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