Em um artigo intitulado O Ritmo da Economia e o Preço dos Imóveis, o vice-presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF), Miguel Setembrino, afirma que a tendência de longo prazo é a de uma relativa estabilidade nos preços dos imóveis nas principais capitais do País.

Ele também analisa as cidades que mais sofreram com queda e alta de preços. Brasília e Curitiba estão entre as cidades onde os valores caíram, sobretudo por conta da oferta alta. Leia a íntegra do artigo:

O ritmo da economia e o preço dos imóveis

Por Miguel Setembrino Emery de Carvalho

Matéria publicada no Estadão, na última sexta-feira, confirmou que em julho, a virtual estabilização dos preços dos imóveis pedidos pelos vendedores foi alcançada. Na média das 16 cidades pesquisadas, houve alta dos preços médios de 0,6% em relação a junho e de 10,4% em 12 meses, a menor desde 2011. A relativa estabilidade de preços reais deve ser vista por um outro ângulo: o da resistência dos vendedores a reduzir os preços, o que contrasta com o ritmo de desaceleração econômica.

Entre janeiro e julho, os preços médios reais do metro quadrado caíram 4,9% em Brasília, 4,5% em Curitiba e 2,8% em Porto Alegre. Foram registradas reduções inferiores a 1% em São Bernardo do Campo, Florianópolis, Belo Horizonte e Santo André. No campo positivo ficaram Vitória (+3,2%), Fortaleza (+2,7%), Rio de Janeiro (+1,7%), São Paulo (+1,3%), além de Niterói e Salvador, com menos de 1% de alta. No cálculo da evolução real dos preços dos imóveis, os responsáveis pelo índice estimaram a inflação oficial (IPCA) em 0,14% neste mês.

Junho e julho foram meses atípicos, mas a tendência de longo prazo é de estabilidade. E esta decorre, principalmente, da oferta de crédito e do mercado de trabalho, que perderam ritmo e começam a ser afetados pela perda de confiança na economia.

Esta desconfiança reflete-se, em especial, nos preços dos imóveis usados, segmento no qual é mais intenso o desequilíbrio entre a oferta, que se manteve expressiva, e a procura, que se reduziu acima do esperado. Sem motivos para acreditar num rápido reaquecimento do mercado, os compradores potenciais analisam com cuidado as opções. Ou seja, não precisam tomar decisões açodadas, como nos tempos da euforia do setor, entre 2010 e 2013.

Nas cidades onde os preços mais caíram (Brasília e Curitiba), o fator determinante foi o excesso de oferta. “Na época do boom de preços, decidiram construir muito nessas regiões, o que levou a estoques elevados e muitos imóveis disponíveis”, observaram analistas.

É pouco provável que ocorram grandes alterações no mercado imobiliário neste semestre. Mesmo que o ritmo das vendas e dos financiamentos melhore, a partir deste mês, empresas e consumidores tenderão a agir com cautela, à espera do ajuste dos preços administrados e dos efeitos sobre a renda real.

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