Ter feito um curso de qualificação profissional ajuda o trabalhador a conseguir um emprego ou ser promovido. Essa é uma verdade incontestável para 67,6% da população do Distrito Federal. Um estudo inédito realizado na cidade pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial no DF (Senac-DF), encomendado ao Instituto FSB de Pesquisa, revela como o brasiliense enxerga as oportunidades de capacitação, os melhores caminhos para entrar no mercado de trabalho e as profissões mais procuradas por quem está em busca de um emprego. Chama a atenção também o fato de que entre quem já fez ou está fazendo um curso profissional o grau de utilidade seja visto como muito útil ou útil por quase 90% dos habitantes (89,4%).
“A pesquisa Senac-DF/FSB comprova uma tese que nós defendemos há 52 anos: o caminho mais rápido para entrar no mercado de trabalho passa pela educação profissional e o sucesso em qualquer carreira está atrelado ao constante aperfeiçoamento”, explica o diretor regional do Senac-DF, Antonio Tadeu Peron. Os números mostram que, em todos os questionamentos realizados, os brasilienses dão nota acima da média para o efeito dos cursos profissionais. “Perguntados se os cursos facilitaram o ingresso no mercado de trabalho, ajudaram a mudar de emprego para uma ocupação melhor remunerada ou auxiliaram a conseguir promoções ao longo da carreira, a nota é sempre acima de seis”, ressalta Peron.
No quesito grau de utilidade dos cursos de qualificação profissional, entre quem já fez ou está fazendo, a eficiência é comprovada principalmente pelos trabalhadores, 93% deles enxergam a capacitação como útil ou muito útil. Isso também é uma verdade para 86,1% dos desempregados e 75% dos estudantes. “Ou seja, todas as parcelas da sociedade que investem na educação profissional enxergam a sua relevância, principalmente quem está trabalhando e consegue colocar em prática os ensinamentos aprendidos em sala da aula”, afirma Peron. A Pesquisa Senac-DF/ FSB ouviu 1.078 pessoas no DF. Os dados foram coletados no final de junho, por meio de entrevistas pessoais domiciliares em 31 regiões administrativas do DF.
Profissões em alta
O estudo também perguntou qual curso profissinal os brasilienses já fizeram. Em primeiro lugar vem Informática/ Computação (25,2%), depois Funções Administrativas (15,9%) e cursos da área de Saúde (8,3%) e Beleza (7,2%), seguidos por outros em menor escala. Entre quem está fazendo, o curso mais procurado é o de Enfermagem (23,5%), seguido por Informática (17,6%). O presidente do Sindicato das Empresas de Serviços de Informática do DF (Sindesei-DF) e empresário da área de tecnologia, Christian Tadeu de Souza Santos, ressalta que a qualificação é essencial para se conseguir um emprego, já que com a modernização o trabalho fica cada vez mais especializado no segmento. “A robotização está acabando com vários postos de trabalho. Hoje, não existe nada que não esteja conectado. As pessoas estão cada vez mais realizando tarefas pelos smartphones. Por isso, acredito que é necessário procurar uma especialização, com certeza ajuda muito na hora de conseguir um trabalho”, reforça.
Emprego certo
Apesar do curso de tecnologia ser um dos mais procurados, o Sindesei revela que ainda existe um déficit de mão de obra no segmento. Apenas entre os meses de janeiro e abril deste ano, cerca de dois mil novos empreendimentos foram fundados no setor no País, segundo dados da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). Até o fim do ano, mais três mil podem abrir as portas. “Tem uma grande oferta de emprego na área mais especializada da tecnologia, mas não existem profissionais capacitados. Neste cenário, eu posso confirmar que a pessoa que procura um curso profissionalizante está na frente do que não tem especialização”, avisa Christian. Entre quem nunca fez um curso profissional o principal motivo apontado é falta de interesse (28%), seguido por falta de tempo (13,7%) e falta de oportunidade (11%). Depois vêm outros fatores, como condições financeiras (9,9%) e questões de escolaridade.
O biomédico Oséias Sousa Santos começou sua vida no trabalho por meio de um curso profissional. Assim que concluiu o curso Técnico em Análises Clínicas, realizado no Senac-DF, começou a trabalhar na área como técnico de coleta e hoje tem um cargo de chefia, atuando em um laboratório. “Quando terminei o curso fui direto para o laboratório que trabalho e estou lá até hoje. Depois do técnico fiz a graduação em biomedicina e sou supervisor de posto. Quando comecei era técnico de coleta e só consegui o emprego por conta do curso do Senac”, diz. Ele se identificou tanto que, além da graduação em Biomedicina, faz pós-graduação em estética, segmento que pretende atuar futuramente. “Espero crescer mais e abrir minha própria empresa. O que acabou me inserindo na saúde foi o Senac, pois até então não tinha contato nenhum. Fiz o curso, me identifiquei, foi ótimo e estou até hoje no mercado”, reforça.
Avaliação
Os cursos oferecidos pelas diversas instituições de ensino são avaliados sempre de forma positiva pela maioria da população, sendo que os cursos das entidades do Sistema S são os únicos com 100% de aprovação (38,2% consideram ótimo, 47,3% bom e 14,5% regular). Na população total, 2,8% já fizeram curso no Senac e 2,1% no Senai. Os cursos feitos no Senac tiveram nota média de 7,9, sendo que a imagem da entidade é positiva ou regular para 81% dos brasilienses. O estudo mostra ainda que as instituições de ensino mais procuradas são as privadas (62,8%), seguida por públicas (33,9%), entidades do Sistema S (18,3%) e instituições beneficentes ou filantrópicas (13,3%).