O indicador Intenção de Consumo das Famílias (ICF), apurado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), passou de 91,3 para 89,8 pontos em julho, registrando recuo de 1,7% em relação a junho. A queda do ICF, em comparação com o mês anterior, vem acontecendo desde março e é a quinta consecutiva, refletindo as dificuldades enfrentadas pelas famílias brasileiras para manter o padrão de vida.
“O consumidor segue cauteloso, condicionado pelo nível de endividamento e pelo mercado de trabalho, em que o desemprego vai se mostrando persistente”, avalia o presidente da CNC, José Roberto Tadros. “O cenário econômico pode melhorar no segundo semestre, com a aprovação da reforma da Previdência, mas é preciso avançar nas medidas que vão destravar a economia, como a reforma tributária e iniciativas como a MP da Liberdade Econômica. É isso que vai permitir a retomada dos investimentos e a criação de emprego e renda, capazes de romper o atual ciclo”, complementa.
Embora o indicador apresente alta de 5,5% em relação a julho de 2018, todos os componentes do ICF apresentaram taxas negativas, situação equiparável à do período de crise econômica em 2015-2016. No acumulado de 2019, a taxa, que encerrou o primeiro semestre zerada, agora está em patamar negativo, de -1,7%.
A pesquisa verificou que a retração aconteceu em todo o País. As maiores quedas ocorreram no Nordeste (-2,4%) e no Sudeste (-2,2%). A maior variação negativa foi identificada nas famílias cujos ganhos atingem mais de dez salários mínimos, registrando -2,9%.
Momento para Duráveis e Perspectiva de Consumo
O subindicador Momento para Duráveis registrou a maior variação negativa, de -3,8%, evidenciando que as famílias não se sentem confiantes em adquirir este tipo de bem, cujas características dependem do crédito, da prestação dentro do orçamento e da confiança para o pagamento futuro.
Outro subindicador que contribuiu fortemente para derrubar o ICF foi Perspectiva de Consumo, de -3,2%, demonstrando que as famílias estão cautelosas. A situação não se apresenta favorável para o setor do comércio, uma vez que as vendas podem diminuir diante de um quadro de menor propensão ao consumo.
Renda Atual e Emprego Atual
As sucessivas quedas do ICF evidenciam que o endividamento das famílias torna a conjuntura de recuperação econômica mais difícil. Se no cenário de escassez de crédito os juros pouco cedem, as empresas acabam adiando investimentos e o desemprego vai se mostrando resistente em diminuir.
Em julho, os subíndices Renda Atual e Emprego Atual variaram -0,6%, mostrando que os orçamentos domésticos podem não estar dando conta das despesas e que as expectativas quanto ao emprego ainda não são tão promissoras.