Francisco Maia
Presidente do Sistema Fecomércio-DF (Fecomércio, Sesc, Senac e Instituto Fecomércio)
A tragédia do desemprego na vida de um empresário é a estagnação da economia. O fantasma que assombra o trabalhador quando perde a possibilidade de trabalhar equivale ao sofrimento na vida do empreendedor quando não pode mais pagar seus compromissos.
Em março deste ano, a inadimplência de pequenas e médias empresas atingiu 5,3 milhões de negócios, segundo o Serasa. Isso é recorde na série histórica iniciada em março de 2016. As causas são a alta da inflação e o fraco desempenho da economia.
Para os empresários evitarem dívidas, é imperioso operar na fronteira dos custos e ter sempre uma pequena “gordura ” para cortar. Há um círculo vicioso: vendas baixas, despesas iguais em uma economia que se repete sem sair do lugar. A falta de sintonia entre custo e receita obriga que o fluxo de caixa não responda ao nível necessário para manter os pagamentos em dia. O hábito cultural que prevalece no Brasil de não se investir tempo em controle financeiro reflete no descontrole de gastos. A maioria dos pequenos e médios empreendedores é carente de organização financeira. Precisa ser criteriosa no gastar, no dever e no economizar.
Há inúmeros equívocos que esses empresários cometem e que podem levá-los a uma situação de prejuízo. Seja qual for a gravidade da situação, pegar crédito com bancos não é uma boa solução. A situação mais recomendável é quando o crédito for mais barato e de prazo mais longo que as dívidas vencidas. Isso é quase impossível de acontecer, apesar de milagres existirem. Quando uma empresa está no vermelho, as linhas de crédito com melhor juro desaparecem. O risco para o banco é maior e os juros são mais altos. O Brasil é um país onde o crédito é extremamente concentrado. Enquanto os Estados Unidos têm cerca de oito mil bancos, o Brasil na prática, opera com cinco, sendo três privados e dois oficiais. E os inadimplentes sabem que, no mundo dos sem crédito, os bancos só dão prata a quem tem ouro.