Adelmir Santana

Presidente da Fecomércio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal.

Como se não bastasse ficar refém dos criminosos, agora a população do Distrito Federal está refém de discursos. Nas últimas semanas, o que se viu foi uma enxurrada de declarações e promessas sobre segurança pública, principalmente por parte de parlamentares e de integrantes da Operação Tartaruga. É compreensível que essas autoridades queiram se manifestar sobre o tema. Mas é inaceitável politizar a crise. As palavras parecem vazias e inapropriadas. Como nós sabemos, medidas pontuais não acabarão com a criminalidade. O fato é que a violência urbana tem crescido assustadoramente em todo o Brasil e enquanto não houver um plano nacional de combate e ação nós continuaremos tratando os sintomas e não as causas dessa epidemia.

O que tem ocorrido em Brasília reflete uma falta de planejamento e gestão. Algo que, pelo visto, não é exclusividade do governo brasiliense. É uma falha nacional. Em outros estados também assistimos a episódios de ônibus incendiados, pessoas assassinadas e residências invadidas. Atémesmo hospitais se tornaram alvo de meliantes. O abuso e a indiferença dos criminosos nos mostram que eles perderam o medo de serem pegos, pois acreditam fielmente na impunidade. Diante disso, cresce a descrença da sociedade, o que faz com que o cidadão trabalhador queira fazer Justiça com as próprias mãos.

O resultado são selvagerias de todo o tipo, a exemplo de execuções nas ruas e menores sendo acorrentados em praça pública. Esse é o pior caminho possível. Significa a derrota da democracia. Se nada for feito nacionalmente, se as diversas instituições e entidades de classe não se unirem para acabar com a violência, temo que não haja mais futuro para nossos filhos e netos. Muitos já perderam seus entes queridos nessa guerra diária. Temos que dar um basta na impunidade com leis adequadas.Um país sem senso de punição, na forma da lei, é um país sem instituições democráticas.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 10/02/2014.

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