Diante da explosão das manifestações, as autoridades se preocupam agora em dar respostas para a sociedade. A presidente Dilma reuniu governadores e prefeitos para anunciar pactos pela melhoria dos serviços públicos, o Congresso Nacional começou a votar propostas engavetadas há anos e o Judiciário determinou a prisão de um deputado condenado por peculato e formação de quadrilha. Ainda que tardias, essas reações demonstram um reconhecimento do poder das ruas e uma aflição com o que pode vir a ocorrer no País caso não seja realizada uma verdadeira transformação social. O importante é garantir que essa mudança aconteça de fato, dentro da legalidade.

Para isso, o caminho mais adequado continua sendo a reforma política, pelo simples motivo de ser o instrumento capaz de equacionar as relações entre cidadão e Estado. O distanciamento imposto pelos governantes ao povo está na raiz do problema atual. A população se sente, com razão, abandonada pelo Poder Público frente à ineficiência dos serviços mais básicos, como transporte, educação, saúde e segurança. O descrédito aumenta quando os responsáveis por lutar pelos direitos da sociedade são os mesmos flagrados nos escândalos. Deve falar mais alto a voz do cidadão e não a empresa responsável pelo financiamento da campanha. No geral, o interesse particular não pode prevalecer sobre o interesse público.

O brasileiro entende que se o formato de escolha dos políticos não se modificar, assim como o sistema de coligação, de formação de partidos e de voto proporcional, tudo permanecerá como sempre foi. Esse não é o desejo. A maneira como se dará esse processo não será um problema, desde que a solução encontrada obedeça os preceitos constitucionais. Preservadas essas garantias, é fundamental reformar o País. E ninguém tem mais legitimidade para fazer a reforma política do que o próprio cidadão. Quanto a isso, não resta nenhuma dúvida.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília 01/07/2013

Brasília, 1º de julho de 2013.

Adelmir Santana – Presidente da Fecomercio-DF, entidade que administra o Sesc, o Senac e o Instituto Fecomércio no Distrito Federal

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