Tem sido difícil para o morador do Distrito Federal gravar o nome dos secretários de Estado. Não pela dificuldade das sílabas, mas pelas constantes trocas no comando das principais áreas do governo. A última baixa foi na Secretaria de Fazenda. O titular da pasta não ficou sequer um ano no cargo. Assume a vaga o especialista em tributação Adonias dos Reis Santiago. Foi uma boa escolha, tendo em vista que se trata de um gestor experimentado, ligado ao setor produtivo e com formação reconhecida.
Ainda assim, outras secretarias prioritárias, como Segurança, Educação, Obras, Desenvolvimento Econômico e Planejamento, também já passaram por mudanças e continuam em processo de ajuste. Para o bem ou para o mal, o fato é que as substituições rotineiras indicam um problema de gestão. Reformas são comuns em início ou meio de mandato, mas quando ocorrem com freqüência caracterizam uma instabilidade administrativa. Ou os antigos secretários foram escolhidos com base em critérios políticos e não técnicos ou a situação é pior do que imaginamos. Fica difícil encontrar outra resposta, mesmo que a torcida seja sempre pelo melhor.
A sensação do brasiliense é a de que o governo está paralisado. Isso é muito ruim, até porque esse sentimento parece estar cada vez mais evidente. Os especialistas em administração pública enxergam nestas substituições corriqueiras um forte obstáculo para a execução de um plano de governo. Significa que a toda hora os programas e serviços considerados essenciais têm a sua continuidade ameaçada pela ausência de chefia. O desgaste político só aumenta, junto com a angústia do cidadão por resultados.
As mudanças de secretários, administradores e dirigentes de empresas públicas ainda se refletem na folha salarial. O correto seria diminuir o número de estatais e não manter o mesmo modelo, com novas contratações ou criações de secretarias. Enxugar a máquina é uma tarefa difícil. Quando não se tem uma efetiva redução do aparato estatal, então, aí é quase impossível. O governo chegou a anunciar, no fim de fevereiro, um pacote para reduzir gastos com pessoal em 2012. Até a redução dos salários do primeiro escalão foi divulgada, o que é muito positivo. Infelizmente, o corte no próprio contracheque levou seis meses para ser implementado.
Sabemos que as medidas de austeridade são duras, porém necessárias. Em 2011, por pouco, as despesas do GDF não estouraram o limite definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Se esse teto for ultrapassado, Brasília estará sujeita a uma série de sanções administrativas, como a suspensão do recebimento de verbas federais. Esperamos que isso não aconteça. Depende muito da equipe de secretários. Todos querem que a cidade funcione bem, mas o governo deve estar alinhado e trabalhar com eficiência, sem rupturas. Torcemos pela continuidade dos programas e pelo sucesso na gestão do Distrito Federal.
Publicado originalmente no Jornal de Brasília 17/09/2012,
Publicado com alterações neste site em 17 de setembro de 2012
Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF