Em qualquer capital do mundo, locais de grande circulação de pessoas são explorados comercialmente e utilizados pelos governos como polos de cultura, gastronomia, lazer e turismo. Os exemplos são muitos. Estações de trem, estádios de futebol, parques, praças e pontos turísticos das mais diversas cidades costumam ter lojas e outros empreendimentos em suas estruturas. Isso gera emprego, renda e benefícios sociais. A pergunta é: por que o mesmo não acontece com mais frequência em Brasília?

O interesse da iniciativa privada existe. O que falta é uma ação governamental. Exceto pelo caso do aeroporto e da rodoviária, outros pontos valorizados da cidade não possuem estabelecimentos comerciais de nenhuma natureza. Tampouco são utilizados pelo Poder Público.

Ainda assim, muitos foram planejados para terem ocupação privada, o que em nada contraria o tombamento da cidade. Mas a burocracia e a falta de habilidade gerencial dos governantes impedem o desenvolvimento desses polos.

É o caso do metrô. No início de suas operações, em 2001, um dos argumentos utilizados para justificar a importância do transporte foi a de que ele serviria como agente de transformação da economia. E, de fato, tem esse potencial. Porém, os comércios previstos para serem instalados nas estações nunca saíram do papel. Até hoje, não foi feita licitação para ocupação dessas áreas.

Em nenhuma das 24 estações de metrô do DF, pelas quais passam 160 mil pessoas por dia, existe sequer uma banca de revista ou uma loja de conveniência. O contraste com outras capitais é enorme. Em alguns países você presencia verdadeiros shoppings subterrâneos. Além de fortalecer a economia e facilitar a vida do cidadão, a presença do comércio é positiva, sobretudo para a segurança e a conservação das localidades.

É consenso entre os especialistas a tese de que áreas ocupadas são mais seguras do que áreas abandonadas. As 16 passagens subterrâneas que cortam o Eixo Rodoviário do Plano Piloto, Sul e Norte, nunca passaram por uma revitalização.

O cidadão poderia ser atendido com a oferta de comércio e serviços. A humanização ainda ajudaria a prevenir a degradação do espaço e a violência contra o pedestre. E o que falar dos pontos turísticos? A maioria não possui lojas de souvenires, cafés, restaurantes, nada.

A história nos mostra que a presença do comércio ajuda a definir o potencial de um empreendimento e agrega valor à localização. É necessário mais planejamento por parte do governo para viabilizar parcerias público-privadas.

Quando o Estado falha em não prever a participação do empresário o que se vê é a proliferação da informalidade, da pirataria e do vandalismo. Quantas feiras ilegais não surgiram às margens dos nossos monumentos e depois se tornaram permanentes? É prudente aprender com o passado e não repetir os erros de outrora.

Publicado originalmente no Jornal de Brasília – 04/6/2012

 

Brasília, 04 de Junho de 2012

 

 

Adelmir Santana Presidente do Sistema Fecomercio-DF

 

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